Caos: O Segredo do Universo

Será que Consciência, Magia e Caos não são a mesma coisa? A consciência faz com que as coisas aconteçam espontaneamente sem uma causa anterior. Geralmente, isto acontece no cérebro, onde aquela parte da consciência que chamamos de “Vontade” agita o sistema nervoso para fazer com que certos pensamentos e ações aconteçam. Ocasionalmente, a consciência é capaz de fazer com que coisas aconteçam espontaneamente fora do corpo quando ela está fazendo magia. Qualquer ato de vontade é magia. De modo análogo, qualquer ato de percepção consciente também é magia; uma ocorrência em matéria nervosa é espontaneamente percebida pela consciência. Algumas vezes esta percepção pode acontecer diretamente sem o uso dos sentidos, como na clarividência.

A magia não pode ser confinada à consciência. Todos os eventos, inclusive a origem do universo, acontecem basicamente por magia. Isto quer dizer que eles acontecem espontaneamente sem uma causa anterior. A matéria nos dá a impressão de ser regida por leis físicas, mas estas são apenas aproximações estatísticas. Não é possível dar uma explicação final de como coisa alguma acontece em termos de causa e efeito. Em algum ponto, sempre chegaremos à conclusão de que tal evento “simplesmente aconteceu espontaneamente”, seja ele a explosão inicial do universo (a teoria do Big-Bang) ou qualquer outra coisa. Isto parece levar-nos a um universo completamente aleatório e desordenado, mas não é assim. Jogue um dado e você poderá obter qualquer resultado de um a seis; jogue-o seis milhões de vezes e você obterá quase exatamente um milhão de seis. Não existe razão alguma para representarmos as leis do universo pela estrutura do dado; elas também são fenômenos que simplesmente aconteceram de modo espontâneo e poderão deixar de ser assim um dia se a espontaneidade produzir algo diferente.

Entretanto, fica muito difícil imaginar os eventos acontecendo espontaneamente sem uma causa anterior mesmo que isto ocorra toda vez que alguém exerce sua vontade. Por esta razão, pareceu preferível chamar a essência deste fenômeno de Caos, posto que a parte de nosso ser que entende as coisas é constituída de matéria que, predominantemente, obedece à forma estatística da causalidade. De fato, todo o nosso pensamento racional está estruturado na hipótese de que uma coisa causa outra. Assim, nosso pensamento é incapaz de apreciar a natureza da consciência ou do universo como um todo pois estes são espontâneos, mágicos e caóticos por natureza. Entretanto, seria injustificado deduzir que o universo é consciente e pode pensar da mesma maneira que nós: o universo é os pensamentos do Caos, se preferirmos. Podemos compreender os seus pensamentos, mas não o Caos do qual eles se originam. De modo análogo, podemos estar acostumados a usar nossa consciência e exercer a nossa vontade, mas jamais compreenderemos o que estas são exatamente.

Todos os maiores ramos da filosofia tentam responder a pergunta específica sobre a existência. A ciência pergunta “como” e descobre cadeias de causalidade. A religião pergunta “por quê” e acaba inventando respostas teológicas. A arte pergunta “qual” e chega aos princípios da estética. A pergunta que a magia tenta responder é “o que” e, assim, ela é um exame da natureza do ser. Se formos diretamente ao âmago da questão e perguntarmos à magia qual é a natureza da consciência, do universo e de tudo o mais, obteremos a resposta de que são fenômenos espontâneos, mágicos e caóticos. A força que inicia e move o universo é a mesma força que está no centro da consciência, e ela é arbitrária e aleatória, criando e destruindo sem qualquer outro objetivo além de divertir-se. Não há nada moralista ou espiritual sobre Caos e Kia. Vivemos num universo onde nada é verdadeiro, embora alguma informação possa ser útil para finalidades específicas. Somos nós, individualmente, que devemos decidir aquilo que desejamos considerar como bom, mau, significativo ou divertido. O universo se diverte constantemente e convida-nos a fazer o mesmo. Se houvesse uma razão de ser para a vida, o universo seria muito menos divertido. Tudo o que podemos fazer é segui-lo placidamente ou lutar uma batalha heroica e inútil contra ele. Assim, somos livres para alcançar toda a liberdade disponível e fazer o que sonharmos com ela.



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